"Ayoga"
Comumente nota-se em citações, artigos de sites e revistas especializadas na área referências ao segmento do yoga como “no mundo do yoga”, porém penso que o termo deveria ser usado com mais cautela. Esta pode ser a construção de uma visão bem egocêntrica dos yogis, colocando-se num patamar “melhor” e julgando-se mais evoluído pura e simplesmente porque praticam ou estudam Yoga. Isto é o que chamei de Ayoga, uma ação de negação que vai contra os fundamentos védicos. Uma atitude não consciente do Eu como um todo que pode inclusive espelhar uma imagem bastante negativa para todos nós praticantes.
Se o yogi é o universo e a ignorância existencial é definida como a falta de compreensão sobre si mesmo (lembrando que o eu é o todo), logo o yogi entende que existe uma ordem e aquele que desconhece os princípios das escrituras (Vedas) é um Ser igualmente capacitado a plenitude e que também faz parte do processo, do todo e tudo o que ocorre tem um porque.
Mas então porque julgá-los ou excluí-los colocando-os em outra categoria? Ou até inferiorizar? Como se apenas o fato de praticar ou estudar yoga fornecesse o título de uma pessoa “melhor”. Ninguém, nenhum grupo, é independente neste mundo, todos dependemos uns dos outros em nossa sociedade atual. Aplicada a qualquer contexto, mesmo que se imagine uma comunidade isolada que sobrevive do que planta, ainda assim ela necessita que preservemos o meio ambiente para que ela consiga sobreviver usufruindo dos benefícios que a natureza oferece.
Há pessoas yogis em suas atitudes e pensamentos que não praticam yoga (yoga no seu conceito mais moderno de asanas e pranayamas), pessoas que nem conhecem os yamas e niyamas, mas tem seus valores internos e buscam dentro de si o equilíbrio. Pessoas, que não diferentes de qualquer praticante de yoga, carregam em si defeitos e limitações, qualidades e virtudes.
O yoga é o suporte para o autoconhecimento e cabe ao yogi levar na sua vida diária a experiência vivida através deste suporte ao acesso de todos a sua volta. Mesmo que ao olhar o outro o ego do yogi não aprecie os valores que o outro carrega, ainda assim, ver além dos olhos e agir com o coração.
“Este é o sábio, é a pessoa cujo coração é como o oceano, as ondas entram e saem e não há perdas.” Glória Arireira
O Ser que localizar dentro do eu os gostos e aversões compreende e não se deixar envolver – isso é liberdade, ter o domínio sob si mesmo. Ter na mente os pilares do conhecimento e discernimento, aceitando os opostos e as dualidades do nosso mundo. Praticar o caminho da ação desinteressada (karma yoga), da ação justa e honesta, sem ter como base apenas os desejos do eu, esta sim é a essência yogi amorosa e compassiva.
Não é a prática (seja ela meditação, pranayamas ou asanas) que é Yoga, é a atitude por detrás dela e frente à vida que é Yoga. Pensar e agir para uma convivência harmoniosa, sabendo que o estado de Yoga é um estado de conexão com as pessoas, a natureza, o universo.
Artigo elaborado para curso de formação em Hatha Vinyasa - Outubro, 2009
Fontes dos meus estudos:
Gloria Arieira, Workshop agosto 2009
Camila Reitz, Curso de formação 2009
Marcelo Cruz, palestra Sangam 2009
Swami Dayananda Saraswati, O Valor dos Valores Ed.Vidya Mandir
terça-feira, março 23, 2010
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